Invasão alienígena
Eles estão por toda parte
ETs decorativos à venda e decorando diferentes lugares viralizam e geram curiosidade sobre a origem
Foto: Carlos Queiroz - DP - ETs decorativos são sucesso entre as crianças
Por Cíntia Piegas
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Eles estão nas calçadas, nas estradas, em jardins, nos bares. Começaram a povoar as estradas do Rio Grande do Sul, sendo que os primeiros foram vistos no quilômetro 32 da rodovia estadual RSC-287, em Tabaí. De lá, teriam se espalhado por todo o Estado. Na Zona Sul, passaram a ser avistados em grande quantidade primeiramente em Rio Grande, mais especificamente em uma floricultura na ERS-734. Em Pelotas, de forma muito tímida, também surgiram há um ano, timidamente, em uma floricultura. Mas foi no final do ano passado que os extraterrestres viralizaram como acessórios decorativos por toda a parte, chamando atenção de curiosos.
Um grupo destes ETs pode ser visto diariamente na avenida Ferreira Viana, próximo ao Forum. Sobre as calçadas e canteiro central, não fazem nenhum tipo de contato imediato. Só visual, pois são 12 cores diferentes em três tamanhos. Feitos de concreto ou cimento, chegam a pesar 25 quilos e estão conquistando um espaço tradicionalmente dedicado aos anões de jardins.
Mas e de onde surgiram esses extraterrestres agora vistos por toda parte? Quem ajuda a tentar entender essa história, que inclusive gera perguntas e memes nas redes sociais, é Rodrigo Neto, comerciante de uma floricultura próxima ao Cassino. "Em dezembro do ano passado, um fornecedor ofereceu o extraterrestre de jardim para teste. Foram 15 peças vendidas em apenas dois dias. Daí pra frente virou febre", conta. O sucesso em Rio Grande motivou os proprietários do estabelecimento a abrir uma filial em Pelotas para vender os personagens de outro planeta. E as vendas estão dentro do esperado. Já o preço varia entre R$ 80, R$ 120 e R$ 200, conforme o tamanho. "Os mais procurados são o tradicional verde e o azul metálico", diz.
Sucesso entre a criançada
Segundo o proprietário de um restaurante próximo ao ponto de venda de ETs na avenida Ferreira Viana, o sucesso dos ETs ficou nítido depois que resolveu colocar um no pátio do seu estabelecimento. Chamou tanta atenção que ganhou o apelido de "Marcelinho" e se transformou em atração à clientela, principalmente com as crianças, que adoram tirar fotos. "Ele tinha um parceiro, mas tive que vender para um cliente que ficou fascinado", diverte-se o empresário.
A paixão pelos pequenos ETs é tanta que a Maria Clara, de oito anos, que está sempre em meio às plantas de uma floricultura, ficou responsável pela decoração das peças menores. "Esse cinza fui eu que pintei. Gostou?", pergunta, mostrando à reportagem. O dono do estabelecimento, Carlos Leonel, explica que os extraterrestres são vendidos há mais tempo, no entanto, era apenas uma forma, e com um custo alto, sendo que para ter lucro precisaria comercializar a peça a R$ 750. Com o surgimento de mais modelos, o preço baixou e tem revertido em boas vendas.
Mudança de vida
Para a família Vedovatto, que popularizou os objetos, o boneco no formato de um extraterrestre um pouco menos assustador surgiu em setembro do ano passado. "Tinha dado uma parada de vendas nas capelas [carro-chefe até então da empresa]. Os ETs eram para ser um extra e, em poucos dias, se tornou a atividade principal", relata Juliane. Os pedidos foram aumentando e, apesar de outros lugares também fabricarem as peças, ela e o marido Gean garantem que as capelas passaram para segundo plano na produção. "Os extraterrestres tomaram conta."
Com a demanda, foi preciso investir. "Nunca imaginamos tamanha repercussão. Para nós, até poucos dias, parecia que estávamos vivendo um sonho, porque era só eu e o Gean na produção das capelas. Hoje nós contamos com três funcionários, uma realidade que jamais esperávamos vivenciar", diz Juliane. O trabalho do casal tornou a invasão alienígena presente em todo o Rio Grande do Sul, além de Santa Catarina, São Paulo, Uruguai e Argentina.
A origem
Os Vedovatto dizem que a origem de tanto interesse pelos ETs decorativos disparou depois que luzes misteriosas foram relatadas no céu de Porto Alegre em novembro do ano passado. O casal acredita que isso tenha mexido com o imaginário das pessoas e, como reflexo, auxiliado a acelerar os negócios da família.
Ainda que especialistas tenham dito que as luzes seriam de satélites que se deslocam na órbita baixa, Juliane e Gean veem o fenômeno como algo que deu retorno. "Quando começamos, nos questionamos sobre quem iria querer um ET para enfeitar jardim? A resposta está aí. Hoje eles fazem a decoração de jardins, mercados, barbearias aqui pela redondeza. Tenho clientes que dizem que é uma nova era e que sim, eles trazem sorte", brinca Juliane.
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